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Análise Comportamental do Debate Presidencial

Análese do comportamento de Lula e Bolsonaro no debate presidencial.

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Foi realizado no último domingo o primeiro debate Presidencial para o segundo turno das eleições que ocorrerá no dia 30 de Outubro.

A rede Bandeirantes manteve a tradição de dar a largada, além disso, inovou com um formato diferente e bastante interessante ao meu ver.

Em qualquer enfrentamento à Inteligência Emocional fará a diferença. Neste tipo de enfrentamento, quando os debatedores têm informações prévias, as coisas ficam bem mais fáceis e previsíveis. Vejamos.
Os adversários conheciam o dia, o horário, o local, os mediadores, o formato, as regras. 
Realmente a construção da Performance fica bem fácil. 

A Performance Comportamental está diretamente ligada a seu arsenal de habilidades é claro, quanto mais Autoconhecimento, Autocontrole, capacidade de ler as Emoções do Adversário ou seja, Emparia cognitiva, mais chance o debatedor terá para gerenciar suas emoções em busca do resultado desejado. 
Resultado desejado está aí a expressão que precisa ser respondida antes do evento. Quanto mais claro ficar o que você espera como resultado, mais fácil ficará para desenhar o melhor caminho para vitória.
Afinal qual público, ou públicos, você deseja atingir? Para construir uma identidade positiva com este(s) público(s), é indispensável essa resposta.

No caso de Lula, me parece que ele pode se dar ao luxo de conversar com os pouco mais de 48%, de eleitores que votaram nele no primeiro turno, visto que a consolidação deste público já o coloca como virtual vencedor no segundo turno. Juntando-se a este público o apoio luxuoso de Simone Tebet, Lula poderia direcionar seu comportamento em falar com as Mulheres, eleitoras, que ficam vermelhas de raiva com as colocações machistas de Bolsonaro.

Bolsonaro precisava preparar sua Identidade Positiva justamente pra conquistar um público que ele não tem, ou seja, não está entre os pouco mais de 43% dos votos obtidos no primeiro turno. Esse público me parece bem consolidado, mais até que os 48% de Lula. Ele precisa buscar os Nulos e Brancos, os indecisos, as abstenções e quem sabe um ou outro voto de Lula.

Vamos então a ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO DEBATE.

Analisando o Debatedor Bolsonaro. 

A abordagem do tema COVID, foi bastante ineficaz. A linguagem corporal de Bolsonaro acusou o golpe, mostrando desconforto. Franziu a testa inúmeras vezes, faltou até saliva. As mãos no bolso demonstrava que tinha algo a esconder. Aqui o resultado melhor pra ele seria usar armas diferentes. Afinal tudo que foi dito até agora não o levou a dianteira. Era preciso passar emoção. Empatia Emocional com o eleitor que ele não tem. Esse eleitor espera uma explicação. Aqui ele precisava encarar a câmera e falar diretamente com quem estava do outro lado do vídeo, agradecendo a oportunidade ao adversário pra pedir desculpas, justificar suas decisões e se mostrar consternado com as perdas familiares. Com um pouco de treinamento ele teria trabalhado suas três esferas de comunicação de uma forma congruente. Ajustar sua Linguagem corporal, modelar sua voz e escolher as palavras certas, para atingir a um público de mulheres, a um público de pessoas mais emocionais que racionais. Perdeu a oportunidade não conseguindo criar conexão com este público que deveria ter sido justamente o alvo de toda a Performance Comportamental do Candidato, ou seja não conseguiu desenvolver Identidade Positiva. Não posso deixar de chamar a atenção para as caras e bocas de Bolsonaro enquanto Lula respondia a temas desconfortáveis. Bolsonaro demonstrava-se Arrogante, Superior, beirava o deboche. Essa linguagem não verbal mais uma vez comunicava muito bem com seu público cativo, mas infelizmente pra ele, não criava ressonância com o público que deveria ser seu alvo. Chegou ao auge do deboche ao se aproximar de Lula colocando a mão em seu ombro, gerando indignação e dando combustível extra de forma a consolidar mais os dois públicos, seu próprio público e também o do adversário. Neste caso atuou a favor de Lula.

Analisando o Debatedor Lula.

Aqui é importante perceber que Lula tinha como Público Alvo, seus próprios eleitores do primeiro turno, que precisam ser consolidados, pois estão ali muitos que simplesmente tem repúdio pela figura do atual Presidente, além de conversar mais diretamente com o público de Simone Tebet, que está ao seu lado neste segundo turno. Para tanto, Lula precisava trabalhar mais com a emoção do que com a lógica. No que diz respeito a ocupação do espaço de debate, Lula algumas vezes se retraiu ao ser atacado em seu ponto fraco que sem dúvida é o tema corrupção. Esse justamente é o momento de ter postura mais ereta deixar as mãos livres e olhar nos olhos, tanto do outro debatedor como na câmera. Esse é o ajuste de quem não tem nada a esconder. Neste momento faltou o contra golpe. Ficar na defensiva na linguagem do inconsciente de quem assiste demostra culpa. O público que detesta Bolsonaro ficou na esperança de uma pergunta que passasse o mecanismo de defesa para o outro debatedor, neste sentido Lula falhou. Perdeu a chance de conversar com o público feminino mudando um pouco sua calibragem comportamental, faltou o sorriso verdadeiro, o brilho no olhar e a modulação na voz, pra dizer a este público que Igualdade e Respeito serão dois dos principais valores de seu governo. 

Me parece que em relação a conquista de novos eleitores o DEBATE PRESIDENCIAL, pouco vai acrescentar. Com isso Lula passa pelo primeiro desafio do segundo turno de uma forma mais favorável, visto que, por minha análise nenhum dos debatedores conseguiu promover uma conexão eficaz com os seus públicos alvos. Não sei se por dificuldade de esclarecer os resultados desejados ou por falta de ajuste comportamental positivo, continuamos sem muitas novidades no quadro eleitoral. As próximas pesquisas devem atestar isso.
Que venha o próximo Debate e que ambos os Debatedores estejam melhores preparados. O que se viu foi uma enorme frustração nas expectativas dos eleitores indecisos, que na verdade são poucos, mas que provavelmente continuam exatamente da mesma forma.

Osmar Bria – Analista comportamental e Master Political Coach – 18/10/2022

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